quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O osculo infeccioso

O menino com seus 17 anos têm como meta para sua vida, uma única coisa: amar! Desde que descobriu tal sentimento se, pois a procurar incessantemente pelo seu tão maravilhoso desejo, porém, a medida que os anos iam se passando, essa febre que já tomava conta de sua caixa torácica, inflamava seus pulmões e entre toses e escarros foi percebendo que estava apodrecendo por dentro, e o pus começava a escorrer pela suas narinas.
Bonito, com uma beleza rara comparada a uma beleza gótica (pele branca, olhos azuis, lábios cor de sangue, cabelos negros) que aos poucos já se perdia em meio as suas roupas, tão cheia de brilho e frases de efeito; tudo perfeitamente alinhado e engomado. De nada adiantava a beleza, charme ou aquelas roupas; seu corpo másculo, resultado de um trabalho duro nas academias passava despercebido em qualquer situação.

Usou diversos artifícios para a conquista de sua amada (seu amor) poemas, dinheiro, carros, conhecimentos, mídia e nada adiantava, um simples olhar para uma de suas pretendentes e a repulsa era que de imediato; certo dia quis apelar para as meretrizes de uma antiga rua de sua cidade e a resposta continuava sendo a mesma, não! Muito tempo depois, já com seus 20 anos havia desistido de sua busca pelo amor e agora buscava a morte. No seu quarto, cujo tempo tomava conta, encontrou a escuridão, mal de quem vive! Jogado junto de sua cama recheada de ácaros, teve o primeiro contato com o ser que mudaria sua vida. Veio andando do canto mais escuro da casa, olhando nos fundos de suas retinas a barata disse: - não é de hoje que acompanho teus passos por este antro de sujeira, é de gosto que tu me alimentas, com aquele pão embolorado, que há meses deixaste sobre a pia?
Quando pensou em responder foi logo interrompido por aquela estranha voz que invadia seus tímpanos com voracidade e estranhamento. – meu humano é com sinceridade que lhe digo, via sua busca por esse nobre sentimento e tive a chance de escutar quando tu falavas teus escritos em voz alta e tuas lágrimas, quero que saiba que estou desesperadamente apaixonada por você. Amo-te. Não acreditava no que acaba de ouvir, entretanto, seu coração falou mais alto e abriu um sorriso largo. Como iria recusar? Amor é amor! Aquele era seu carma, seu drama, seu destino; não conteve a fúria que tomava conta de seu espírito, seus lábios encontraram uma sensação estranha, mas continuou o beijo... Amar não tem cor, não tem idade, muito menos espécies. No meio daquele osculo tão precioso ele se encontrava perdidamente louco e não notou que em segundos a barata estava dentro de sua boca, esmagada, triturada com aquele liquido verde claro que todos conhecemos; quando deu por si, estava caindo devagar com a escuridão, tomando conta de seus olhos; em segundos estava morto.

Na autopsia o legista escreveu em letras garrafais, CAUSA DA MORTE: INFECÇÃO.

RIBEIRO, Kairo Felipe Carneiro